[Listas] 5 melhores leituras de 2020
Estamos em
2021. Há bem pouco estávamos em 2020. E é a leituras de 2020 que essa lista se
dedica.
O ano passado
teve muitos acontecimentos marcantes. Dentre eles, a pandemia do covid-19 foi
sem sombra de dúvidas o que mais impactou a vida de nós leitores. Houve grandes
mudanças em nosso cotidiano.
Ficar em casa
nos trouxe revezes e benesses. Do ponto de vista do ritmo de leitura, acredito
que tivemos mais tempo para ler. Infelizmente, não aproveitei essa
oportunidade. Desde a primeira postagem deste blog no dia 4 de agosto de 2020,
até o último dia do ano eu li apenas 20 livros, dos quais 17 estão aqui
resenhados.
Desde 2019 eu
não contabilizo mais as minhas leituras. Qualidade é preferível à quantidade.
Porém, em termos de quantidade, 2020 foi o meu pior ano há muito tempo. Em virtude
da primeira publicação do blog remontar a agosto do ano passado, essa lista de
melhores do ano contará com apenas 5 livros.
Se as minhas leituras
fossem resenhadas desde janeiro, essa lista contaria com pelo menos dez livros.
Eu possivelmente também falaria sobre livros que me decepcionaram, pois
considero que isso também seja importante para um leitor que deseje saber se
vale ou não a pena ler uma obra.
Não posso afirmar, contudo, que 2020 tenha sido um ano infrutífero quando falamos sobre livros. E a criação deste blog representa o meu maior êxito em matéria de leitura no ano de 2020.
Dói-me na alma não incluir muitos livros nessa lista. Mas devo advertir ao leitor que ela é baseada em meus gostos pessoais: você não é obrigado a concordar. Vamos ao que interessa...
5. Canção de
Ninar de Leïla Slimani
[Resenha | Compre: Amazon]
Eu não
poderia deixar esse livro fora da lista. Ele conta a história de uma babá
extremamente competente e sem transtornos de caráter que cometeu um grave crime
contra os filhos de um casal que a contratou. Que circunstâncias estariam por
trás desse incidente?
A escrita da
autora é leve e fluida e o livro segue uma estrutura pouco usual para o gênero
thriller, que é bem engenhosa. A autora traz à reflexão diversos temas: a
banalização do mal, a imigração no território francês, o convívio entre pessoas
de diferentes classes sociais e as dificuldades que a mulher enfrenta para
conciliar os deveres da maternidade com a ambição de prosperar no mercado de
trabalho.
O livro rendeu
a sua autora o prêmio Goncourt, extremamente relevante para a Literatura
francesa.
4. O Mulato de Aluísio Azevedo
Aqui você
verá a história do amor proibido entre Raimundo, filho de um comerciante
português com uma escrava e Ana Rosa, filha de Manuel Pescada. O livro pode
haver sido uma leitura obrigatória em algum momento de sua vida, mas lendo-o
sem a pressão acadêmica você encontrará nele uma grande história.
A partir de uma linguagem elegante mas compreensível, Aluísio Azevedo critica a sociedade atrasada de São Luís, a hipocrisia do clero e a sua influência excessiva na sociedade, além do atraso a monarquia representava. Vemos em “O Mulato” um romance híbrido com características do Romantismo e do Naturalismo. Foi essa a obra que inaugurou o Naturalismo no Brasil.
3. Helena de Machado de Assis
A segunda
metade da carreira de Machado de Assis é a que possui maior atenção por parte
dos estudiosos. Em “Helena”, vemos uma obra com aspectos muito importantes da primeira
metade da carreira do autor. Ela irá a contar a vida de Helena, filha bastarda
do Conselheiro Vale, após a morte de seu pai.
Helena vai viver
com a família do falecido, e as repercussões de seu convívio também são contempladas
pelo foco da narrativa. O livro de Machado de Assis concorria com romances internacionais
e em nada perdia para eles. Tamanho foi o seu sucesso que, após todos os capítulos
serem publicados em jornais, logo em seguida ocorre a sua publicação em livro.
Outro mérito
do autor foi o de reunir criticamente aspectos positivos da Literatura do Norte
e da Literatura do Sul, então em conflito, para conceber o seu romance
dialogando com o público e os seus anseios. “Helena” é considerado o momento
mais melodramático do autor.
2. É isto
um homem? De Primo Levi
Que livro! Talvez
daqui a algum tempo eu me questione por que não o pus no primeiro lugar da
lista. Em “É isto um homem”, Primo Levi irá narrar as atrocidades que
presenciou no campo de concentração de Auschwitz, ao qual foi condenado. Devido
às suas aptidões na Química, Primo Levi foi convidado a trabalhar em
laboratórios do campo e conseguiu escapar.
O livro é
muito bonito. Podemos enquadrá-lo no gênero Literatura de testemunho. Muitos o
consideram como a mais importante obra a respeito do holocausto, que durante a Segunda
Guerra Mundial ceifou a vida de mais de 6 milhões de pessoas.
Primo Levi traz
no livro uma história repleta de importantes reflexões e extremamente agradável
de ser lida. Na resenha que fiz dei a entender que quem o lesse certamente o
teria como um dos melhores livros de sua vida. Talvez eu tenha me precipitado,
mas pelo menos comigo isso ocorreu. Não posso deixar de indica-lo.
Não é sem méritos
o suficiente que esse grande livro ocupa o primeiro lugar. Nele, vamos encontrar
a história do relacionamento abusivo entre Humbert Humbert e Dolores Haze, a
nossa Lolita.
O enredo do
livro não tem nada de politicamente correto. Ele consiste em uma peça destinada
a um júri com vistas a relativizar um crime cometido por Humbert Humbert fruto
de sua obsessão por Dolores. O livro é bem controverso, havendo discussões até
sobre qual é o seu principal tema.
Mas não é por
acaso que ele é tido por muitos como um dos mais importantes romances no século
XX. A forma poética como Vladimir Nabokov narra a história certamente possui
importância decisiva sobre isso.
Podemos
analisar uma profusão de pontos sobre Lolita. A resenha do livro foi aquela que
teve a minha maior empolgação desde que criei este blog. Embora se opusesse a
Freud, comportamentos dos personagens da obra podem ser explicados à luz de
seus conceitos e de outros pensadores que contribuíram para a Psicanálise.
Hoje, podemos
verificar uma grande influência da obra sobre alguns de nossos valores sociais.
Falei bem sobre isso na resenha. Também mencionei o fato dele suscitar
importantes discussões geopolíticas.
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