[Resenha] As Brasas - Sándor Márai
Sinopse: As
brasas é um romance sobre a amizade, a paixão amorosa e a honra. Conta a
história de dois homens que não se vêem há 41 anos. Foram amigos inseparáveis
na infância, mas um dia, em 1899, um deles desapareceu. Algo muito grave
aconteceu naquele dia, e é esse o enigma que agora, já no fim da vida, eles vão
decifrar. Move-se entre os dois o fantasma de Kriztina, por quem eles travarão
um duelo que se inicia como um civilizado jogo de esgrima, mas logo se torna
uma luta árdua, embora os duelistas só disponham de uma arma: as palavras.
O húngaro
Sándor Márai nasceu em 1900. Exilou-se em 1948, inconformado com a implantação
do comunismo em seu país. Em 1979 fixou-se nos Estados Unidos, onde se
suicidou. As brasas é sua primeira obra lançada no Brasil.
Opinião: “As
Brasas”
Nascido no
ano de 1900, o escritor e jornalista Sándor Márai é considerado um dos autores
húngaros mais importantes. Vemos ambições literárias no autor desde o seu
período escolar. À época, ele chegou a desprezar tudo o que não pertencesse ao
âmbito da Literatura.
Chegando à
fase adulta, Sándor Márai foi considerado inapto a prestar serviços militares.
As duas grandes guerras mundiais que ocorreram no século XX deixaram no
escritor marcas profundas, as quais chegaram a inspirar o conteúdo de suas
obras.
Por possuir
muitos juristas de renome em sua família, a carreira profissional de Sándor
Márai era, aparentemente, predeterminada. Aos 24 anos de idade, o autor publica
a sua primeira obra no seu país. “As Brasas”, obra aqui resenhada, foi lançada
em 1942. Infelizmente, sua obra foi banida não muito tempo depois.
Na trama,
um velho general recebe em seu castelo um velho amigo. Eles não se veem há
exatos 41 anos e 43 dias. O que motivava essa visita ao castelo do general? Passamos
a compreender essa questão a partir do momento em que o passado desses
personagens é revisitado.
Nini foi a
responsável pela criação de Henrik, nome do general. Desde a tenra idade Henrik
estava destinado a se tornar soldado. Aos dez anos de idade, conhece Konrad, o
amigo que fez a visita ao seu castelo após tanto tempo sem se verem. Conforme a
história avança, acompanhamos a amizade entre eles e o que causou a sua
ruptura.
O passado desempenha um papel muito importante para essa obra. É nele em que as ações de seus personagens são narradas. No presente, vemos um diálogo entre eles, nos quais são expostos a tensão entre o passado e hipóteses em relação ao mesmo.
As memórias
trazidas à narrativa foram narradas com uma certa profundidade de detalhes. É
importante mencionar o fato de que o ato de rememorar o passado não teve como
propósito compreender o presente. Henrik desejava poder depositar confiança no
seu vínculo com Konrad em meio aos rancores que tinha em relação ao último.
Essa
história é muito bem construída. Porém, acredito que o seu maior trunfo não
repouse sobre a narração de fatos, mas nas reflexões que eles despertam. Não
consigo explicar, mas este livro, que costuma marcar a vida das pessoas que o
leem, não promoveu o mesmo impacto em mim. Talvez por eu não haver conseguido
compreender as referidas reflexões.
Talvez por
que eu não tenha me identificado com elas. A minha leitura foi menos profunda
do que o habitual, mas pelo que pude entender, as temáticas da obra que mais
atraíram a minha atenção foram a amizade e a traição. Isso não significa dizer
que a obra não me agradou.
A escrita do
autor é de uma grande leveza, a qual dá gosto em prosseguir com a leitura. Este
livro não é do tipo que desejamos concluir a leitura o quanto antes. É do tipo
que vale a pena degustar sem pressa. O motivo por que ele não me marcou está no
fato de eu não conseguir detectar uma grande profundidade, se é que ela existiu
além de minhas falíveis percepções.
Embora não
tenha me cativado o tanto quanto eu esperava, “As brasas” é um livro que
costuma fazê-lo com quem empreende a sua leitura. Conhecer essa obra acendeu a
minha curiosidade em conhecer melhor o autor. Logo após saber que ele escreveu “Veredicto
em Canudos”, inclui a obra em minhas futuras leituras. Acredito que após lê-la, meu grau de apreciação em relação a Sándor Márai cresça.
Autor da resenha: Felipe Germano Monteiro Leite
Autor: Sándor Márai
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 176
Nota: 9/10
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